Com razões de sobra todos os dias cedemos, esquecemos, fingimos não ver, vamos adiando, cientes da fragilidade das nossas certezas, inseguros do amanhã. Ao mesmo tempo, e também todos os dias, nos damos conta que dum ou doutro modo a sorte nos bafeja, sabemos o que é a paz, a harmonia, alegramo-nos com o sol, um gesto de amizade, o sorriso inesperado.
E porque somos assim, quanto mais cresce em nós o medo de
perder e nos assalta a cobardia, mais alto gritamos a nossa bravura. Até ao momento
em que, sem possibilidade de fuga ou desculpa, a vida nos põe à prova.