quinta-feira, abril 10

Que liberdade ?

 

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domingo, abril 6

Forca sem corda

 

Nem todos os casos se podem contar, pois mesmo quando os embrulhamos em ficção, e se situam os personagens e as peripécias em lugar distante, há muitas vezes um passo em falso na narrativa, ou detalhe traiçoeiro que escapa, pondo então fim ao enredo e ao intuito de esconder.

O sofrimento destes merecia um Camilo, mas homem, mulher ou transgénero com o talento desse gigante literário está para nascer, pois os escribas que por aí andam nem aos calcanhares lhe chegam. Além de que muitos desses pouco sabem da arte da escrita, e dos enredos da boa ficção ainda menos, vêem na gramática uma desnecessária geringonça, que para mais não serve do que impedir o livre curso do historial dos seus enredos e emoções.

Sobre os personagens antes citados vamo-nos então contentar com um mínimo de referências, e essas serão de que nasceram filhos únicos em família remediada, numa vila de província que, nalguns aspectos, é de facto um presídio social.

Começou a tragédia pelo pai, que uma noite ao jantar se tinha de repente levantado, acenando o que parecia uma desculpa. Porque estranharam que demorava foi ele à procura, e o grito que deu ao vê-lo enforcado ecoou na rua, acudiram os vizinhos. Iria repetir-se a tragédia coisa de ano e meio depois, o avô pendurado na mesma trave.

O casamento deles, já no tarde, tinha sido comunhão apalavrada das posses e alguma simpatia, que amor de verdade é o das telenovelas. Felizmente nasceu-lhes um anjo, e quase dezassete anos conheceram o Paraíso, julgaram que seria para sempre, viriam netos.

Só que em vez de netos veio a droga, veio o martírio, sobram as ameaças. Não lhe neguem o dinheiro, que ela adivinha como o escondem. E sabe onde está a corda.