Podiam ser uma firma, porque fazem um bocado de construção, de carpintaria, de canos e retretes, desentopem isto, endireitam aquilo, sabem de telhados. Parecem uma empresa, mas são um bando, e assim procedem, com a bruteza arrogante de quem não aprendeu a arte, só tem algum jeito e aquele modo do zarolho em terra de cegos.
Mas como mesmo nos confins o mercado tem as suas leis, quando se trata de arranjar biscate ou empreitada o bando verga-se nos salamaleques, mostra-se compincha, sorri, é todo acomodações, facilidades, promessas.
Uma vez apalavrado o serviço, cai a máscara. Acautele-se o mandante antes que se lhe despenhe algum caibro na cabeça, não venha ele com queixas de obra mal feita ou sugestões de boa razão, porque aí, antes de passar às ameaças, dispara-lhe o bando uma artilharia de “merdas” e “caralhos”.
Na taberna, à noite, encharcados de vinho e igualdade social, dão murros no balcão, rememoram vitórias, não se cansam de repetir que "pensem eles o que pensarem, hoje quem manda é o povo, caralho, somos nós!"