terça-feira, setembro 30

Sexo magnético com "boomerang"


Em cima da mesa da cozinha, no ascensor, no wc do avião ou do comboio, num camarote do teatro, no terraço da Torre de Belém,(*) no chão de uma sala de museu, num campo de milho, num Fiat 500... Sexo faz-se nos mais inesperados lugares e por razões sem conta. Mesmo assim há sempre novidade.

No Departamento de Ginecologia da Universidade de Groningen, para determinar o que de facto se passa com os órgãos genitais durante a cópula, oito casais e três mulheres puseram-se a fornicar e a masturbar. Treze vezes ao todo. Dentro do tubo de um MRI.

Quem já se viu lá metido imagina mal essas fornicações. Mas foi útil, caramba! Houve descoberta! Durante o acto o pénis toma a forma de um boomerang!

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(*) V. post O desaparecer de Lisboa 27.06.2008


http://www.bmj.com/cgi/content/full/319/7225/1596


segunda-feira, setembro 29

O cadáver dos outros


Nunca tinha prestado ao assunto atenção em demasia. Morremos, enterram-nos ou levam-nos para o crematório, uns tantos doam o corpo para avanço da ciência... Mais ou menos por aí findava a minha curiosidade. Até que ontem comecei a ler "STIFF".

As críticas não exageram. A despeito do tema o livro é cómico, instrutivo, irreverente, invulgar, exerce sobre o leitor um muito mórbido fascínio.

E assusta. Nem você nem eu estamos ansiosos por saber o que se pode passar connosco depois de mortos. Tãopouco dorme descansado quem fica ao corrente da estonteante variedade de préstimos que, desde a antiguidade mais remota, o cadáver humano tem tido.

Cheguei à página 217 e continuo a rir. Umas vezes às gargalhadas, outras com um riso amarelo. Como facilmente se pode deduzir do título de alguns capítulos: “Dead man driving; The cadaver who joined the Army; The crucifixion experiments; Beating-heart cadavers, live burial and the scientific search for the soul; Decapitation, reanimation and the human head transplant...

Logo à noite entro no capítulo: “Eat me – Medicinal cannibalism and the case of the human dumplings.”

quarta-feira, setembro 24

Estranhezas

Estranhezas, bizarrias e mistérios de Word 2007: escrevo textos em Times New Roman 12, aparecem na composição em Times New Roman 12, saem no blog ora neste tipo ora em Calibri 11! E posso-lhe dar as voltas que quiser - dei muitas antes deste desabafo - adiantar não adianta.

terça-feira, setembro 23

Castelo de Paiva e a marquesa

Vinte anos atrás, em Portugal – um guia para amigos (*) ao descrever Castelo de Paiva anotei que a vila mantinha uma curiosa ligação com a França, em particular com Paris, dado que o palacete que se encontra no nr. 25 do Rond-Point des Champs-Elysées fora construído para a marquesa de Paiva. O acaso de leituras recentes leva-me a acrescentar estes detalhes.

Filha de um tecelão judeu, nascida em 1819 no gueto de Moscovo, Esther Lachmann viria a tornar-se, aos dezassete anos, uma das mais famosas, senão a mais famosa cortesã no Paris do seu tempo. Amante de Napoleão III, deixou fama pelo ostentoso estilo de vida e o número de homens que levou à ruína, entre outros Albino Francisco de Paiva Araújo, o marquês nosso compatriota. Com ele esteve casada um dia, e assim, depois de lhe ter apanhado o dinheiro, apanhou-lhe também o nome, acabando o infeliz por se suicidar.

A outro tolo pediu e recebeu doze mil francos por uma cópula. Nesse tempo uma fortuna. O tolo deu-lhos, e deve ter sido grande a surpresa ao descobrir que ela, blasée e indiferente, se entretinha a queimar as notas durante o acto.

São muitas e divertidas as histórias sobre La Paiva. Certa de que a idade não perdoa, a marquesa acabou por deitar o anzol a um proprietário de minas, o conde Henckel von Donnersmarck, entrando na respeitabilidade da aristocracia alemã e no esquecimento.

No palacete das suas orgias acha-se actualmente instalado o muito exclusivo Paris Travellers' Club, pouso de bilionários, diplomatas, monsenhores, gente dessa.

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(*) Inédito em português, foi editado em 1989 em holandês com o título: Portugal – een gids voor vrienden.