terça-feira, maio 31

John Banville

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"Não poderia viver sem música. Adoraria ter sido compositor, não teria que lidar com enredo, personagens, diálogos. A música é a mais pura forma de arte. Uma das coisas boas no romance é que é musical, é pictórico e linguístico. Às vezes uma frase dança, pinta uma imagem. Não gosto do romance enquanto forma, é desarrumado e aborrecido. Mas sei que é extraordinariamente rico. Não mudaria o sentido de uma frase para acertar o passo com a música, mas mudaria a música para que acertasse com a frase. A prosa tem que ser tão dura e fria como o mármore sendo, ao mesmo tempo, tão suave como a carne e tão musical quanto a voz. Quão difícil é combinar tudo isto."

A não perder para colegas, aspirantes a escritor, ou simplesmente para quem gosta da escrita:  a entrevista no Observador.

quarta-feira, maio 25

Na mó de baixo

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Muitos receiam encontrar-se na mó de baixo, pelo que dão prova de que ainda têm bastante caminho a andar até descobrirem as vantagens dessa situação.
Pouco há de tão revelador como o rosto dos que nos vêm confortar, aquele modo de quem deita esmola a um pobre, o reforço do testemunho de solidariedade alcançando o ponto em que comédia da hipocrisia obriga as partes a um sorriso que nunca mais acaba.
Estar na mó de baixo oferece também a vantagem de, ao fazer a contagem de espingardas, nos descobrirmos sozinhos na trincheira. O que por veze assusta, mas é tudo questão de aguentar firme e fazer mantra do consagrado "não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe."
Infelizmente, ter paciência é arte de dura e longa aprendizagem.
……..
Sem intenção de trocadilho, isto da mó de baixo é assunto que em mim costuma vir ao de cima.

terça-feira, maio 24

Enganos

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Dói a perda, a desilusão, dói o engano, e pouco vale a chamada experiência da vida, porque em cada desaire há sempre uma ponta de diferença e novidade,  suspense, nada prepara para a rasteira, a cacetada vem donde pareceria irracional esperá-la.
Cacetada é modo de dizer, os revezes que magoam fundo e deixam cicatriz, os que nem os anos apagam, esses distinguem-se pela subtileza, o inesperado dos golpes de florete. E fosse outro a sofrê-los, poderia ser caso para admiração, porque também na maldade há requinte.

sábado, maio 21

Que te parece?

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A paz de espírito alcança-se? Ganha-se? Merece-se? Compra-se? É dádiva?

sexta-feira, maio 20

Para que conste

"I’ve learned that Portuguese is the sexiest of the romance languages"

Com um abraço à Fernanda, a amiga cúmplice, que antes do dito acontecer me mostrou muito do que iria ser o 25 de Abril. Sempre grato por isso e pelo mais que lá de Toronto manda.

quinta-feira, maio 19

Recomendações

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Recomendaste, deixei-me levar pela amizade e entusiasmo, esqueci que nos separa mais de meio século, que em matéria de música fiquei pelos Beatles e Aznavour, que nunca leste Graham Greene, Maupassant, nem sequer As Pupilas do Senhor Reitor ou John, o chauffeur russo, e fiz então na Wook a encomenda do cinco vezes estrelado livro da senhora.
Deitei-me à leitura, surpreso de que Max du Veuzit esteja de volta,  perguntando-me que raio vês tu, e muitas muitas dezenas de milhar doutros, onde eu pasmo com a banalidade, a mediocridade da escrita e do sentir, aquelas confissões de adolescente pateta, mais o folclore da tão pitoresca pobreza.
Não estou zangado nem azedo, só triste. E da próxima vez que me recomendares um livro voltarei a lê-lo, com pouca esperança de que me agrade, apenas interessado em te conhecer melhor.