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de O Último Verão na Ria Formosa, o
qual, ouviu-se então nos mentideros,
quase lhe valeu o Nobel, o arquitecto Saraiva publicou em Setembro passado Eu E Os Políticos. Desopilante numa ou
noutra passagem, mas com suficiente ranço para da parte de alguns justificar
pensamentos menos cordatos. Todavia, é de justiça que, pela involuntária
ternura que demonstra, se refira aqui o apontamento que faz na página 45, de
ter conhecido o nosso Primeiro Ministro, então "um miúdo pequenino, a
brincar debaixo da mesa onde comíamos… e que a mãe tratava por Babouche".
Com
o significado de pantufa ou chinelo, a palavra babucha vem-nos do árabe, li-a
pela primeira vez n' A Relíquia, de
Eça de Queiroz, refere-a ele também nos
relatos sobre o Egipto e a Terra Santa. Mas em francês, babouche, além de soar requintada,
parece exprimir em simultâneo uma rechonchuda bonomia, dando ideia de o
carinhoso apelativo ter sido singularmente premonitório.
Na
verdade, de todos os Primeiros Ministros desde Abril de 74, só em Mário Soares
se encontra aquela maneira de abraçar. O caso é que António Costa leva a melhor
na jovialidade e no optimismo.
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Publicado no CM