(Clique)
"Encostas de luz e
sombra, outeiros, montes escalavrados, um rio que mal se enxerga na estreiteza
dos fraguedos.
Aquela paisagem pouco
mudou e ainda hoje ilude, é cenário de teatro. O estranho que então por ali
passasse veria carreiros, choupanas, casas toscas, sombras esquivas, anciãos
imóveis, jericos amarrados, mulheres a puxar o bioco para a testa, espreitando
num modo antigo pelos olhos em fenda.
Um largo, uma capela, duas
ruas sem calçada, para o lado do rio a meia dúzia de palheiros onde moravam os "ciganos",
que só o eram na alcunha e na estranheza do seu viver, gente a quem chegava a esmola
e o que longe dali havia para roubar."
Do mais não daria conta, que
povoados assim ignoram o mundo, fecham-se no medo e na pobreza, nos segredos,
nas vergonhas de que se fala com rodeios e acenos, os olhares dizendo o que as
palavras temem."