É um mundo perdido, passado, existem resquícios dele na tenacidade destes homens e mulheres, que quase centenários cavam na horta, podam oliveiras, regam o palmo de terra que dá as batatas, que para eles não são só comida, mas lembrança do tempo em que com um naco de centeio eram o sustento.
Saem ao romper do dia. Desconhecem horários e feriados. Interessa-lhes a água da rega e o florir das oliveiras, nada querem com o mundo onde se agitam os bisnetos e a gente de cidade, espécie estranha que por vezes apercebem.
Frugais, forretas, temem o Senhor, desconfiam da lei e do forasteiro, o colchão é o seu banco, conhecem a valia das aparências e há muito aprenderam que, de todas, a da humildade é a mais segura.
Existem num mundo perdido, desinteressados do ontem, indiferentes ao amanhã, presos a um hoje que infinitamente se repete, e em monotonia se assemelha à eternidade.