De pouco preciso para desanimar,
estado de espírito que me acompanha desde os princípios e ataca com graus
variados de intensidade, sempre à espera e de pouco precisando para me
desencorajar, sussurrando que não vale a pena, é tempo perdido, ninguém está à
espera das minhas invenções, do relato dos meus estados de alma, se me assustam
as ameaças da epidemia, perco o sono com as misérias que se anunciam ou vivo a
aguardar o terramoto.
De modo que basta ler que nos
seus cinquenta anos de vida Eça de Queirós escreveu para cima de dez mil
páginas, com caneta, aparo e tinteiro, para me envergonhar da minha escassa
produção em quase o dobro do tempo e o computador a ajudar.
Infelizmente nasci assim e é da
sabedoria antiga que burro velho não toma andadura.