A mim, que pelo gosto de viver,
curiosidade nata, fascínio do desconhecido e disposição de carácter sempre
atraiu correr riscos, pagando o preço que isso exige, vem agora o mundo - a
começar pelos vizinhos, os amigos bem intencionados, seguidos pelos peritos de várias
especialidades e as polícias necessárias para manter o rebanho bem encurralado –
avisar que me proteja, não corra riscos nem os faça correr aos outros, e se teimar
em desobedecer toda essa boa gente nem vai perder tempo a apontar-me o dedo,
treinada como está no uso das apps logo a vizinhança, a cidade, o país e
o mundo ficarão ao corrente da minha teimosa desobediência.
Que fique em casa calado,
quieto, cobarde e amedrontado, querem eles. Mas não vai ser assim, não. Ignoro que
valor dão à sua, mas a minha liberdade não tem preço.