Soubesse
eu de poesia. Num quarteto, soneto ou ode, pronto soprava para longe o
nevoeiro que cega e entontece. Soubesse eu, mas não sei.
Cavo
na prosa, que não é de brisas, antes de pesos, arrastos, algemas e
grilhetas. Desconhece a inspiração. Nada lhe vem do alto ou do sublime, é
obra de enxada em terra dura, com morosidades de boi antigo nas voltas
da nora.
Obriga-me a escrever beijo, quando por vontade escolheria ósculo. Falo de lusco-fusco, envergonhado de dizer arrebol. Mas poeta não é qualquer, nem quem quer, só aquele que as Graças favorecem.