Vai quase num ano, tem sido um purgatório, mas vou fazendo quanto posso para evitar que a estupidez e a maldade levem a melhor e quebrem a minha resistência. Desde Setembro encontro-me prisioneiro no país onde nasci, impedido de regressar àquele que há sessenta e cinco anos me acolheu, onde está a minha família, tenho amigos, me sinto livre, feliz e é respeitada a minha cidadania. O mais estranho desta situação em que me encontro é estar a reviver a adolescência, ressentir os medos de então, quando me via sem direitos nem liberdade numa pátria madrasta, num ambiente autoritário e opressivo, de desespero, pobreza, arbitrariedade, em momento nenhum sinais de esperança de um futuro de vida melhor e liberdade.
Poupem-se, não preciso que me venham dizer o que sei de sobra, que o senhor Costa, o senhor Sousa, os mais senhores e senhoras da governação fazem quanto podem e isto vai passar. Talvez passe, talvez fique pior, eu farei o que estiver nas minhas forças para aguentar e para a ninguém ser peso, o meu medo são as várias formas de estupidez, como a referida aqui.