quinta-feira, março 21

Bilhetes (3)


Em volta de uma tragédia, resumindo conta-se assim: na manhã da passada segunda-feira, num eléctrico no centro da  cidade de Utrecht um homem dispara sobre os passageiros, faz mortos e feridos, desaparece. Quase imediatamente começam os boatos. Ouviram-no gritar Allahu akbar, mas pelos jeitos trata-se de um crime passional. Passam-se horas de incerteza, as autoridades  nada dizem sobre o número ou a identidade das vítimas, até que devido à improvidência de  ter feito um telefonema o assassino é descoberto e preso.
Gökman Tanis, 37 anos, turco e há muito residente na Holanda, tem um passado de alcoolismo, criminalidade, assaltos, vendedor de droga, culpado de roubos e violação e mais. Uns dias antes tinha sido mais uma vez preso por um roubo numa loja, mas o juiz libertou-o “porque o suspeito tinha prometido que se apresentaria às autoridades quando o chamassem para fazer um exame psicológico.”
Depois de muitos boatos e secretismo, quase ao fim do dia sabe-se que há 3 mortos e 9 feridos, alguns em estado grave. Na quarta-feira, finalmente, informam que os mortos são duas raparigas e um treinador de futebol. Sabendo que o pai de uma das raparigas não tem meios para lhe pagar o funeral, uma vizinha faz um apelo nas redes sociais, resultando daí que dentro de poucas horas são doados cerca de cem mil euros. Amanhã, sexta-feira, será organizada em Utrecht uma marcha silenciosa.
Ontem houve eleições para o Senado. O grande vencedor foi um partido recente, Forum voor Democratie, que é pelo encerramento das fronteiras e até certo ponto próximo do PVV de Wilders, embora com um carácter menos populista e daí apelando à classe média.
O futuro? Esperarmos calmamente pelo próximo atentado.