Porque venho de longe – de verdade dos finais do século XIX
- sei e sinto mais do que muitos as formidáveis mudanças da sociedade e da
tecnologia, faço quanto posso para me manter a par e compreender, evitando
medir o hoje pelos padrões de ontem, o que aliás nem sempre consigo. Assim tenho dificuldade em respeitar o
Papa, os presidentes e os soberanos que comunicam por chilreios (dizer tweets
não esconde a infantilidade), pouco se me dá que digam que é moderno, eficiente,
rápido, que tem de ser.
Deixem o chilrear às crianças e aos adolescentes, como o meu
vizinho Herman, aqui em Amsterdam, que de vez em quando gosta de dois dedos de
conversa, dando-me a entender que de certo modo lhe sirvo de objecto de estudo,
mas que a minha curiosidade também lhe causa algum pasmo.
Festejou anteontem os 17 anos, veio agradecer o presente que
lhe dei, e quando em conversa pergunto quanto tempo passa agarrado ao telemóvel
não me pode dizer se três horas é muito ou pouco, supõe que seja a média. Ao
contrário dos seus amigos também segue poucos famosos, rappers, desportistas, cantores,
actrizes, muito menos do que gostaria porque lhe falta o tempo, só 427.
Seguir 427 estranhos? Realmente venho de longe e estou
condenado a que cada dia seja maior o atraso.