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Difícil, cansativa, frustrante, de resultado sempre duvidoso, a busca de um título para um romance leva ao desespero e, pelo menos a mim, nunca satisfaz quando o vejo impresso.
O ideal é que seja curto e fácil de pronunciar, soe bem,
desperte a curiosidade. Pode ser chocante – Elas
Gostam de Apanhar, de Nelson Rodrigues, é um clássico – mas esse talento é
dado a poucos, compara-se à dança na corda bamba. Deve evitar as aliterações do
género Ele Não Me Ama ou o ridículo
baboso – Ajoelhado Aos Teus Pés. E
mais, porque são muitos os escolhos e o resultado não se mede pelos elogios da
crítica ou dos amigos, mas pela fila diante da caixa, que tem maior
possibilidade de crescer devido ao título e à capa (ou às aparições do autor na
televisão) do que o tempo que este passou a desfiar o enredo.
Porque no caso que me ocupa há uma situação de vingança,
cuidava eu incluir a palavra no título, mas não serve. Recorrendo
ao Google descobri, só em inglês e numa busca rápida, para cima de três
milhares de citações de vingança, incluindo a conhecida de que ela se serve
fria.
De modo que desisti desse e ando à procura do título
ideal: o que me satisfaça, agrade ao editor, soe bem, caiba na capa, tenha a
malícia de Elas Gostam de Apanhar, e
possa ser dito em voz alta.