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Além de um bom termómetro para medir o calor dos sentimentos, as conversas sobre política têm quase sempre o desagradável efeito de revelar aspectos de carácter que pela paixão, a inesperada violência e o desequilíbrio, ganhariam em ficar no íntimo. Mas não senhor: a partir do momento em que defendemos uma outra visão, discordamos, nos mostramos avessos a cegueiras e idolatrias, não nos babamos por líderes, no geral dos interlocutores é como despertar neles uma raiva canina. Se não espumam da boca (alguns espumam) treme-lhes o corpo, agitam os braços, erguem o punho.
Raro discuto política, mas se ao
acaso de uma conversa ou situação isso me acontece, atento nos sintomas, e mal
o outro começa a erguer a voz, a apontar com o dedo, a franzir o lábio ao que
discorda, não estou com cerimónias, aceno-lhe o adeusinho.