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Fora de dúvida que a teoria do atavismo criminal de Lombroso
(1835-1909) é do mais politicamente incorrecto que se pode imaginar. Ele
olhava, media, descobria nas caras e nos
corpos a predisposição para o crime, a certeza de que o indivíduo nascera para
ir pelo mau caminho da ladroagem, do assassinato, da trafulhice, reconhecendo
até os traços que assinalavam o uxoricida.
A teoria não tem muito por onde se lhe pegue, mas o Museo di Antropologia Criminale Cesare
Lombroso, na Universidade de Turim, pode alegrar os amigos do bizarro.
Isto dito, e metendo as mãos no próprio peito, não há
volta a dar-lhe: todos conhecemos momentos em que, olhando um rosto, atentando
num gesto, numa expressão, escrutinando um sorriso, nos damos conta de que
albergamos um Lombroso. Pois então não verdade que Fulano tem cara de pulha?
Que salta à vista ser Sicrano ligeiro das mãos, e Beltrano só não mata por
medo da cadeia?
Mea culpa, eu
há sujeitos que, quando os tenho pela frente, não consigo impedir-me de recordar Lombroso.