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Despimo-nos quando
escrevemos. Banal ou não, cada frase é um momento de Striptease, um apelo, uma cedência, um desejo, um grito, por vezes
um pedido de esmola, um anseio de carinho.
Pelos jornais passo os
olhos, há muito enojado do conteúdo rasca – "Mamas e Cuecas de Cristina Ferreira", pais violadores, mortos no contramão, idosa
assaltada – e no Facebook não entro,
o tempo que me sobra dos livros gasto-o, fascinado, na leitura ou na visita de
blogues. Demorando nos favoritos, lendo aqui e ali criquices e futilidades, lamentos,
choros escondidos, dor funda, poesia sem jeito, para de súbito topar com boa
prosa e verdadeira ciência, um poema que alegra, um desabafo que comove.
Quando os anos findam
aparecem dessas listas a classificar o melhor disto, o número um daquilo, já no
passado as vi de autores de blogues que mutuamente trocavam elogios e galhardetes. Mas no meu
parecer é hora de que um desses académicos que se esfalfam nas análises de
Saussure, Barthes, Derrida e Baudrillard, se deite a estudar a blogosfera
portuguesa. Cuidando, todavia, em deixar o trigo e o joio. Nada de escolhas,
prémios ou separações, pois é a amálgama do bom, do sofrível, do mau, do ridículo e do
péssimo que faz o encanto desta destravada barafunda em que, voluntariamente ou por
descuido, mostramos muito do que somos, do que nos diverte e aflige. De facto
um Striptease.
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