Com esse azedume, inveja mal contida, olhar vesgo, o modo de quem paira acima do comum, você, jovem amigo, dá-se em espectáculo. Julga-se personalidade, figura, quer ser um senhor, mas, que diabo, tem tudo do arlequim. Torna-se ridículo.
Fazia bem acautelar-se, pelo menos no propósito. Se o bom senso de que necessita não consegue ultrapassar a sua vaidade, nem os interesses da capelinha onde se vê sumo sacerdote, dê-se pelo menos ao trabalho de fingir. Sorria. Distribua os clássicos apertos de mão e pancadinhas nas costas, finja-se atencioso.
Digo-lhe isto porque, continuando assim, você, que a arranhar e a arreganhar aspira à vanguarda no Olimpo das Letras e, eventualmente, um sarcófago em São Vicente de Fora, arrisca-se, quando muito, a ter uma placa comemorativa no Beco da Amargura.