Dava-se-lhes o
nome de cronistas. Escreviam nos jornais uns textos curtos, ora comentário, ora
observação ou relato. O tom era o da seriedade, a prosa cuidada, o proveito
duplo, porque o lê-los era uma aprendizagem e os seus temas obrigavam à
reflexão.
Sob a influência generalizada do inglês, desde há anos que se passou a
chamar-lhes colunistas. O tom agora é ligeiro, a prosa descuidada, no melhor
dos casos banal a temática. No pior descem à mexeriquice, e quando a
mexeriquice falta escrevem uns sobre os outros. “Como dizia fulano na sua
coluna de ontem... A perspicaz análise que hoje se lê na peça (peça! tão moderno!) de sicrano... ”
Assim cavam os jornais a própria cova, servindo-nos, requentado, o noticiário
que ontem à noite vimos na televisão, enchendo o resto das páginas com textos
banais e fotografias inúteis.
O jornal, que no passado a opinião pública considerava um cavalheiro, tornou-se
uma comadre. Grande pena.