Ao longo da vida
tenho tido o privilégio de conhecer pessoas de excepcional bondade,
inteligência, dedicação e virtude, duma ou doutra maneira com todas elas me
sinto em dívida, porque umas vezes não soube corresponder ao bem que me era
feito, noutras ocasiões não compreendi o que me ofereciam, marés houve em que
me deixei influenciar por dores antigas e assustado recusei o benefício.
Nessa galeria
distinguem-se seis homens e uma mulher, todos falecidos, que me influenciaram e
beneficiaram a tal ponto que não somente os recordo com frequência e gratidão,
como muitas vezes, fingindo que a sua morte não conta, me surpreendo a
pedir-lhes conselho num modo quase infantil, o que dá medida do que por mim
fizeram, mas também que mau grado os muitos anos continuo aprendiz da vida, e por
má sorte são sem conta as vezes que o desespero me prova a verdade de que burro
velho não toma andadura.