Têm boas maneiras,
são atentos, serviçais, capazes de inesperados gestos de simpatia, prontos na
jovialidade e no abraço.
Mostram-se assim, e sem falha se aguentam, tão bons como o melhor actor com
décadas de palco, ou a mais experimentada madame em bordel de luxo. Nenhum
gesto de carinho ultrapassa o deles, mostram uma prontidão de relâmpago nas
felicitações e nos pêsames, a boa nova mal corre e já batem à porta com o ramo
de flores.
Ele e ela são desses. Quase perfeitos nos ademanes e nos movimentos da
partitura social, ágeis no bailado das relações, malabaristas que nem de circo
chinês, inexcedíveis no tiro ao alvo da simpatia.
Infelizmente, é só verniz, camada frágil que racha quando se lhes nega o favor
ou a cumplicidade. Fica então a nu a sua verdadeira natureza: nas palavras de
ódio e nos esgares descobrimos os trafulhas, os escravos, os cavalheiros de
indústria, os aldrabões, os vigaristas, a canalha donde lhes vem o sangue.
Formidável espectáculo.