Tradução de um excerpto de um artigo do semanário
neerlandês Elsevier acerca das actuais manifestações no Chile, no Ecuador, na Bolívia, na Argentina e no Líbano:
“Não se trata – como muitas
vezes se tem constatado – dos países mais pobres, nem daqueles no escalão
imediatamente superior. Neles a população necessita de toda a sua
energia e todo o seu tempo para assegurar a sua alimentação, e a amarga pobreza
quase sempre vai de mão dada com a falta de desenvolvimento. Mas embora o povo
tenha consciência de tudo o que está mal, o fatalismo vence: que adianta
obrigar o governo corrupto a desaparecer, se o resultado é a vinda de um outro
igualmente corrupto?
Os países onde se levanta o
fantasma das demonstrações de massa – e onde vão caindo mortos e feridos – não são
países pobres e a mediania da sua população é razoavelmente desenvolvida. Mas
em todos eles é gigantesca a diferença entre os ricos e o restante da população,
a corrupção está na ordem do dia, sucedem-se os governos compostos da mesma
clique, esta procedendo muitas vezes das mesmas famílias. O Líbano e a
Argentina são disso exemplo.
Muitos desses países têm um
presidente que foi democraticamente eleito, mas que se está nas tintas para os prazos
constitucionais e força nenhuma consegue
fazer com que abandone o poder. Evo Morales, presidente da Bolívia, é número um na América
Latina, mas também os há da mesma espécie em África, de que foi campeão o defunto
Robert Mugabe.”