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Corriqueiras, importantes, necessárias, inúteis, impertinentes, a vida de todos nós é uma série infinda de perguntas. As respostas são em grande parte neutras ou imprecisas, tendenciosas, jesuíticas, de modo que pedir uma opinião, perguntar um caminho ou querer saber um motivo, pode resultar em estranhos quiproquós e nos desacertos ilustrados pela clássica conversa de surdos.
Há ainda as perguntas que por razões várias se não fazem,
ora porque tememos a resposta, ou pelo conforto que a ignorância oferece. Doutras
justamente se dirá que de maneira nenhuma têm a ver connosco, são apenas
coscuvilhice.
É assim que, desde o atentado de Nice, quando li que,
dois dias antes, o assassino tinha transferido cem mil euros para a sua família
na Tunísia, me pergunto: era ele terrorista fanático, convicto da sua razão, ou um assassino a soldo a quem o
"serviço" foi encomendado? É possível que um modesto chofer de
entregas acumule semelhante pecúlio?
Perguntas tenho sempre muitas. Não só sobre Nice, outros atentados,
tragédias, desgraças, desigualdades, a cobarde sociedade em que vivemos, mas não é a mim nem a ti que darão resposta,
se por acaso a souberem.