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"Quando deixamos de produzir coisas, quando nos
refugiamos no mundinho higiénico dos serviços, dos open spaces e da economia virtual das apps, perdemos a pulsão vital, perdemos uma bússola moral, perdemos
o norte. A indústria não é apenas um fator económico, também é elemento moral e
social. Uma sociedade que desconhece o labor industrial é uma sociedade decadente
e egocêntrica; uma civilização que se limita a consumir no conforto da economia
dos serviços é uma civilização alienada e apolítica. É alienada porque no final
do dia o homem precisa de sentir que fez qualquer coisa de palpável. É apolítica
porque só a indústria, seja ela qual for, pode dar chama comunitária à
sociedade. A overdose de serviços e
de trabalho individual ao ecrã de um computador está a desligar-nos uns dos
outros. Não é por acaso que os laços de cidadania estão fracos; não é por acaso
que há novos populismos a tentar preencher esse vazio."
……….
Henrique Raposo na revista Exame, Julho 2016.