Muito me arrependo, mas a asneira feita de nada adianta a contrição, nem o
tempo que se me vai a magicar como devia ter dito, devia ter feito, porque
razão abri a boca, que impulso me empurra para a má figura.
Digo-me que é feitio com que nasci, erro dos que me fabricaram, brincadeira do
Destino, contudo não é isso que me salva das consequências de me ver actor, em
cenas onde melhor e mais seguro estaria no papel de comparsa.
Há os felizes, conheço bastantes e invejo-os, que mantêm a atitude certa, dizem
as palavras que se espera, são comedidos nas opiniões, nunca dão passo em
falso. E por tão pouco não irei levantar questões teológicas, mas a
interrogação permanece: como é que uns parecem ir sempre pelo caminho direito,
e outros, como eu, vão aos ziguezagues?
PS. Hoje mais que nunca, pois perdemos a ilusão de que havia bússola a apontar o norte.