Havia as notícias dos
desastres, das tragédias, dos vulcões, dos massacres, dos tsunamis, dos ciclones,
dos genocídios, dos grandes incêndios. Morria-se no berço, morria-se num
acidente ou de velhice, da enorme variedade de doenças a que o corpo é sujeito.
Morria-se de fome, de tristeza, de cansaço, de desespero.
Porém, tudo se passava longe
e acontecia a estranhos. Agora também assim é, mas a cada o instante nos avisam
que a morte está à porta, somos culpados da nossa própria e da dos outros,
assassinos em potência. E como tudo tem de ser
em grande, diferente, assustador, a estatística diária dos mortos e dos infectados tomou o
lugar necrologia antiga no jornal, com a cruz negra, o nome e o retrato do falecido.