Excerptos do discurso de Oliveira Martins, Ministro das Finanças, em
20 de Janeiro de 1892.
"Para mim a
crise, sob a qual nós vergamos, tem de ser encarada sob três aspectos. O
primeiro é o desequilíbrio orçamental; o segundo é a circulação fiduciária; e o
terceiro é o desequilíbrio capitalista ou económico, como se quiser chamar,
quero dizer, a diferença entre o ingresso e as saídas, quer de mercadorias,
quer de capitais…
Em 1852 os encargos
da dívida pública não excediam 2.500 contos de réis, e hoje esta soma está multiplicada
dez vezes; porque hoje os encargos da dívida pública excedem a soma de 20.000
contos de réis…
Isto é um facto
correspondente aquele que qualquer pessoa mal governada pode experimentar desde
que começa a pedir dinheiro emprestado porque chega o momento em que, para
saldar a dívida dos encargos provenientes dos débitos, tem de contrair novos
empréstimos, com juros compostos e, preso deste modo às garras da usura, não há
força que o salve da ruína...
Qualquer pessoa que
tenha lido os jornais financeiros de toda a Europa vê que eles dizem que era um
erro consumado o governo encobrir uma situação patente infelizmente para todos..."