A culpa é de Goethe, Thomas Mann e uns quantos ricos. Atrás deles revoadas de pintores, bandos de fotógrafos. Depois destes, milhões e mais milhões de basbaques que, no correr do ano, chegam a Veneza e, aos ‘Ohs!’ e ‘Ahs!’ na praça de San Marco, na Basílica, no Canal Grande, na Ponte dos Suspiros, no palácio dos Doges, ressentem coisas que, pelos jeitos, só lá se ressentem. Ah! As gôndolas! Ah! O Rialto! Ah! O Caffé Florian!...
Acontece que, Verão ou Inverno, sol ou névoa, na quase meia dúzia de vezes que, por razões várias, fui a Veneza, nem me emocionei, nem se me afinou a sensibilidade, não tive êxtases.
Levo isso à conta do meu embotamento. Das más experiências que lá tive é melhor não falar.
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As fotografias são de F. Ferruccio Leiss (1892-1968).