Digo-me livre, e
minto, fingindo que não vejo as grilhetas que me ferem, os laços de seda que
apertam como fios de aço. Vou por onde outros querem que vá, deles a escolha,
meu o cansaço da jornada, o desatino de ignorar a meta, se é que de facto, como
eles juram, se encontra uma ao fim de tantas léguas.
A minha suspeita é de que não há meta nem propósito, só caminho, e o que
julgamos vida talvez seja apenas a transumância de um colossal rebanho, a busca
fútil de um destino imaginado.