Cada cabeça tem
direito à sua sentença, alturas há em que uma noite mal dormida leva a mudar de
ideias, para não falarmos das consequências da azia ou da má digestão duma
chanfana. Por
conseguinte, pense cada um como bem deseja, e alegremo-nos de que não nos
obriguem a olhar todos para o mesmo lado.
Há, porém, ocasiões em que esta minha indulgência se arrebita, leva a franzir o
sobrolho e a perguntar-me se o outro tem de facto a razão que pensa. Vem isto a
propósito da afirmação recente de uma das cabeças pensantes deste país sobre
como, além de danoso para a economia, o
ensino é supérfluo.
Claro que o recebeu ele, e bom, mas o zé-povinho é melhor que não deixe subir a
tontura à cabeça, não se meta em filosofias nem ciências, dispense Bach, desista
de querer subir a cimos onde não pertence.
Aprenda ele um ofício e ensine essa humildade aos filhos, lembre-lhes que a cada
macaco se destina um galho, e para benefício dos que aprenderam é melhor que os
outros fiquem pelo chão.