Deveria ser um velório como de costume, com prantos e soluços, olhares tristes, abraços de pesar, boas recordações do defunto.
A
gente era muita, por isso mais inacreditável e doloroso se tornara o
silêncio geral. De facto, pelo extremo das suas más qualidades, o
passamento do sujeito tinha sido um alívio para todos os presentes.
O uso mandava, mas como elogiar o filho da puta? Até que finalmente alguém suspirou: - O irmão era muito pior.
O
lavrador siciliano tinha comprado um horta. Preocupava-o o ter de
registá-la, mas o notário acalmou-o: a acta era coisa simples.
No dia seguinte a papelada estava pronta.
- Assine aqui.
- Eu bem pensava... Vamos ter um problema, porque sou analfabeto.
- Problema nenhum. Faça nesta linha uma cruz, é a assinatura, o mesmo que o seu nome.
O lavrador risca duas cruzes. O notário irrita-se:
- Homem! Era só uma cruz! O nome.
- Bem ouvi, mas uma é o meu nome, a outra é Dottore.