O vírus não quer saber se és
jovem ou ancião, rico ou pobre, genial ou ignorante, manhoso, ingénuo, valente,
desastrado, macho, fêmea ou in-between, preto, branco, amarelo,
pele-vermelha, esquimó, jeová, muçulmano, banqueiro, dentista, betinho, fã da
Cristina, doente cardíaco, emigrante na Suiça, e por aí fora, dando
constantemente a volta ao mundo até que pára à tua porta. Sorri de te ver
mascarado, entra e não faz escolha, qualquer ponto do teu corpo lhe serve para moradia,
a partir desse instante o problema é teu.
Por muito que te acauteles e protejas,
desinfectes, evites a rua, o idoso do terceiro andar, os remoinhos do vento quando
vais ao supermercado, rezes a Nossa Senhora, ao Padre Cruz ou à Santinha da
Ladeira, os dados estão lançados, o que tiver de ser será.
Por isso dá pena que tenhas medo e sofras, que vivas no esperançoso engano de que uma vida que para ninguém é
eterna precisa de um vírus para findar.