Venho do tempo das cartas escritas
à mão, depois à máquina, sempre demoradas a chegar ao destino, mais demorada
ainda a espera pela resposta que muitas vezes não vinha, criando ansiedades,
medos e desconfianças. Escrevia-se aos amigos, com raras excepções ficava por
aí o intercâmbio.
Hoje são um meio obsoleto e o
escrevê-las um sintoma de romantismo, a
comunicação instantânea transformou-nos de tal modo que faz sorrir que alguém
pegue numa caneta, numa folha de papel, e se dê ao trabalho de morosamente
ajeitar a caligrafia que o desuso tornou ilegível. De facto só mesmo por
romantismo.
Pergunto-me, contudo, que
necessidade me traz aqui a escrever o que de facto na maioria são “cartas” que,
por não terem destinatário, ganham alguma semelhança com as mensagens nas
garrafas que os náufragos antigamente deitavam ao mar, ou as emissões dos radioamadores
anunciando a sua presença no éter.
Por certo há quem veja o que
aqui escrevo, mas são escassas as provas de que me lêem, nada mais enganoso do que as Stats do
Google, assinalando 3 views na
Polínésia, 5 nos Emirados, 12 na Ucrânia. Em Portugal, no Brasil, nos Estados
Unidos, no Canadá, em França e até na Holanda será diferente, aí as Stats
fazem fé. Mas na Índia, na Finlândia, no Turquemenistão?