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Do modo como as coisas andam, talvez esteja na hora de abrir
o armário, tirarmos de lá o patriotismo, sacudir-lhe o cotão e o pó que
acumulou e, deitando-o pelos ombros,
sairmos orgulhosamente com ele à rua.
A moda é outra? Razão de sobra para fincar pé, dar prova
que, como os homens, também os países não se medem aos palmos, pôr fim à choradeira de que somos pequenos,
deixarmo-nos de medos, de invejas, sentir honra do que temos de excelente, acabarmos
de vez com a bacoca admiração do exótico.
Dá-se o caso de quererem agora os brasileiros descartar o
ensino da nossa literatura. Pois que descartem, fiquem com a sua e bom proveito
lhes faça, embora não me conste que, fora dos guetos universitários, se saiba no
Velho Mundo, na jovem América do Norte ou na Ásia milenar, que o Brasil possui
uma literatura, menos ainda uma como a nossa, com pergaminhos e a brilhar há
séculos.
Talvez noutra altura me inclinasse a deitar água na
fervura, elogiando, por exemplo, os grandes romances de Paulo Coelho. Mas nada
de cortesias: é lembrar-lhes donde vêm e o que nos devem.