Primeiro isto, para que se compreenda o meu sorriso: em 2010, Deo volente, farei oitenta anos. Comecei a escrevinhar umas historietas aos doze, aos dezanove vi a primeira em letra de forma, depois devo ter escrito milhões de palavras em textos de todo o género, mais os livros que se vêem aqui.
Um deles, com dez edições, esteve longas semanas no segundo lugar de numa lista de Top Ten, onde o primeiro era O nome da Rosa, de Umberto Eco. Um outro vai nas catorze e desde há trinta e sete anos continua a ser editado. Exceptuando dois, todos os mais se têm vendido bem e dado algum nome ao autor.
Assinalo isto sem vaidade, apenas porque o julgo pertinente para o que segue.
Ele pouco passa dos quarenta e foi meu estudante na universidade. De inteligência invulgar, fez em simultâneo duas licenciaturas, doutorou-se, foi trabalhar num banco de Nova Iorque, depois noutro em São Paulo, passou para a política e dela para o marketing, onde o consideram autoridade.
Conversamos. Mostra-se aborrecido com a minha falta de dinâmica e por me ver franzir o sobrolho às suas teorias.
- Seja em que campo for – martela ele - tu, eu, ninguém pode alcançar verdadeiro êxito se não se tornar uma marca. Político, escritor, cirurgião… No passado um sujeito ganhava fama, era um nome, mas isso hoje não basta. Tem de se ser uma marca. E como marca fazer o que fazem as grandes marcas, por exemplo a Coca-Cola, a McDonald's. Estudar o mercado, determinar o campo de acção, conceber um método, estratégias …
Trouxe uns apontamentos para me convencer, e vai detalhando. Fico a saber que as mulheres lêem em média 1,7 horas por semana, enquanto que os homens não passam dos 0,9. Para os livros de ficção dois terços são comprados por mulheres . A temática dos livros que as mulheres preferem – romantismo, escapismo, exotismo – não é a mesma que em geral atrai o público masculino. As mulheres…
Já mo disseram outros, mas de nada adianta. Burro velho não toma andadura, e este que sou teima em distinguir entre livros e lixívia.