As formas de tratamento são, julgo eu, um interessante indicativo do desarrazoado de uma sociedade. Na nossa misturam-se o V. Exa, que se lê em facturas e na correspondência oficial, com o você com que estranhos, insensíveis às diferenças de anos, ou ao grau de familiaridade, julgam fazer moderno.
Há também os curiosos “Olá” e “Viva”, que encabeçam alguns mails de gente que nunca vimos mais gorda nem mais magra, e as bizantinices tolas do “senhor doutor”, da “senhora dona fulana” e outras assim.
Creio que foi no final dos anos 70 que Lindley Cintra escreveu um livrinho sobre as nossas formas de tratamento. Seria uma boa ideia se alguém se debruçasse de novo sobre o assunto. E boa ideia também se nos interrogássemos sobre o que se esconde atrás da bizarria das nossas maneiras.