Logo de miúdo me descobri uma excepcional capacidade para fantasiar. Chamavam-me mentiroso e era-o, na opinião dos que não sabiam melhor, nem desejavam outras vivências, conhecer outros mundos.
Na realidade não mentia, inventava ambientes coloridos, paisagens diferentes, liberdade no ar, as praias que nunca veria. Mais tarde, com a escrita, descobri que a mentira se chamava ficção.
Curiosamente, quanto mais ficciono, mais frequente se torna a pergunta: “Oiça lá! Aquilo aconteceu mesmo, não aconteceu?”
Embora a contragosto, mas para satisfazer o desejo implícito na curiosidade, digo-lhes que sim, aconteceu. E a ficção torna-se verdade.