Começo por aqui, mas a razão vem adiante. Supõe-se que Cosme e Damião nasceram na Arábia, no século IV. Gémeos, inseparáveis, estudaram Medicina e foram exercê-la na Síria, onde ganharam fama de santidade por não levarem dinheiro aos pacientes, assegurando que os curavam em nome e com o poder de Jesus Cristo. Apreciando pouco a concorrência, os Romanos degolaram-nos.
Ouvi falar deles pela primeira vez no Rio de Janeiro, num tempo em que as patrulhas da Polícia eram feitas por uma dupla de agentes, que os cariocas, com o jeito alegremente zombeteiro e inventivo que se lhes conhece, tinham crismado Cosme e Damião.
Ora conheço eu também dois sujeitos que, de inseparáveis que parecem, embora nada santos, há muitos os não refiro individualmente e com o nome de baptismo, mas pela alcunha que lhes dei.
Funcionam em duplo, avultam em duplo, os seus sorrisos parecem réplicas, têm idênticos interesses, e como sozinhos seriam pouco ou nada, juntam as forças, quase parecem o que desejam parecer. Vivem em sonho um conto de importância.
Cosme e Damião se compadeçam e lhes dêem cura para a toleima.