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Cómico nenhum me diverte tanto como um fanático. Não daqueles fanáticos que por amor de Alá torturam e degolam, mas o fanático na versão simples, sobretudo o da política, filiado em partido, endeusando tudo, mas tudo, o que o partido decide, certo e seguro que o partido trilha o caminho certo, só o seu partido está na posse da milagrosa bússola que, sem falha, invariavelmente aponta para o norte das decisões sábias e das medidas necessárias para o bem-estar e a felicidade geral.
Diverte-me, em
particular, o fanático inteligente, porque me deixa aperceber possibilidades idênticas à da quadratura do
círculo, da Coreia do Norte vir a dominar o mundo, ou do monstro de Loch Ness ser
lampreia.
Entre as minhas
relações conto dois desses extravagantes, mas não há indiscreção em revelá-lo, e
perigo de perder a sua amizade também não corro, pois mesmo se o ponho como
aqui, preto no branco, ou se me der para lho gritar, eles nem por sombra me
acreditarão.
O fanatismo da
política tem isso de excelente: cega tanto como os grandes amores.