(Clique, se lê árabe)
O próximo. Aquele que o geral das religiões manda que se lhe
queira como a nós próprios, se lhe perdoe o mal que faz, o prejuízo que causa,
o muito que incomoda. Que se use a esponja da misericórdia para lhe limpar o
mau feitio, branquear-lhe a alma, esquecer o descaro com que, vez após vez, ele
nos faz tropeçar, prejudica, dá palmadinhas nas costas ao mesmo tempo que
prepara a rasteira, o golpe baixo, a intrujice.
É bico de obra querer seguir o mandamento e vermo-nos
cara a cara com o pulha, pior ainda se é alguém que um dia mereceu amizade e
respeito, mas caiu tão baixo na nossa consideração que ouvir-lhe o nome ou
recordar-lhe as feições atrai a náusea.
Isto são pensamentos nada elevados, menos ainda pacíficos,
para um começo do dia, mas a vida nem
sempre tem lugar para atitudes nobres, altruísmos, perdões.
Oferece a gente a outra face? Certo e seguro a
bofetada não demora.