É um presente que quero dar. Coisa única, minha, íntima, acarinhada durante anos. Embora seja objecto é parte de mim, contém pensamentos que tive, palavras que escolhi e alinhei. Mesmo as rasuras, as correcções, as entrelinhas, os rabiscos, têm nele significado, dão prova dos medos que me assaltam, da inconsequência dos meus sentimentos, da confusão que tão bem sei esconder.
Não é um diário, nem esboço de romance, antes o
improvável documento onde confissão e fantasia vão de par, espelhando a realidade
diária, contendo também alguma coisa do mistério onírico em que por vezes nos
embrenhamos e nos salva.
É ainda uma amálgama
de sentires inventados e horas de dolorosa verdade, falsas paixões, muito
verdadeiros amores, promessas, destinos, aventuras imaginadas, outras que melhor
seria não tê-las vivido e suportado.
Quero dá-lo, e uma decisão tomei: irá para alguém que não
faça ideia do que se trata, donde ou de quem vem, e por que razão lhe cabe.