Ao contrário do que em geral se espera de um livro russo – batalhas, paixões, assassinatos, intermináveis discursos filosóficos e religiosos, suicídios, duelos, problemas de consciência – em Oblomov, o mais conhecido romance de Ivan Goncharov (1812-1891), o personagem do mesmo nome praticamente nada mais faz do que ficar na cama ou no sofá, em enorme apatia, recordando a sua idílica juventude, e com um único desejo: que não o incomodem.
Olga ama-o, o feitor rouba-o, os amigos traem-no? Que é isso comparado ao delicioso descanso?
Assim este, que nada mais faz que comer e descansar, recebeu no baptismo o nome de Oblomov. Se bem que não seja de todo apropriado: uma vez por outra lá se levanta e, em passos lentos, vai à procura da sua Olga.