A minha vida guarda uma quantidade impressionante de recordações, misturando-se nelas os ambientes, os casos, as figuras mais estranhas e variadas. Entretenho-me a reviver momentos, dores, alegrias, deixo que o filme passe, repasse, repasse. Descubro-me fraco advogado das certezas que tive, consigo sorrir de por vezes ter sido de uma ingenuidade que se espera própria das crianças ou dos tontos, espanto-me de que tenha escapado a tantas rasteiras.
Sim, valeu a pena, foi mais colorida e variada do que esperava, ou teria ousado sonhar. De modo que, sem outro afazer, entretenho-me na longa espera que é descobrir uma nova dimensão do tempo: a de que ele não é o do relógio.