Gostaria de me
libertar de algumas das carapaças com que por razões várias me cubro, mas uma
coisa é querer, outra o ser capaz.
Uma delas é a arrogância com que de vez em quando recordo os piores momentos da
minha vida, me digo que poucos os terão conhecido assim, e de seguida me
felicitar por ter sido capaz de verdadeiro heroísmo e tanta resistência.
Ainda bem que logo me recomponho, deixo de parafrasear o "pobre de mim" de Fernão Mendes Pinto, e de novo sinto o chão debaixo dos pés, abrando a soberba.
É certo que nunca tive a vida fácil, abundam nela as inimizades gratuitas e da espécie mais perigosa, a dos espíritos doentes. Todavia, se faço comparações, limitando-me a algumas vidas que conheço, o que ocorre à minha volta, fica-me a impressão de ser tolo e mal agradecido.