É todo sorrisos,
jovialidade, a dez metros vem já com os braços no ar, pronto para o
apertão de costelas e as palmadinhas reconfortantes. Apressado, sempre
em urgências e aflições, a mãe outra vez no hospital, a filha que caiu
do cavalo, o carro que agora enguiça sem mais e lhe custa rios de
dinheiro.
- Tudo bem?
O interesse, os dentes a
brilhar, o modo de papagaio cabeça torta a fingir que aguarda a
resposta, tudo nele é falso, de mau plástico. Crava almoços, trafulha
nas contas, casa que visite não se despede sem levar de empréstimo
aquele livro que anda com tanta vontade de ler e ainda não teve ocasião
de comprar. Adeus livro.
O não ser totalmente
pulha aumenta o desagrado que provoca. De um sacana cem por cento
protege-se a gente passando de largo, ou dizendo-lhe de caras para onde
queremos que se mande. Mas este é viscoso, desliza sobre ele a ironia,
não se lhe pega o insulto, aos pontapés responde com mesuras.
Cavalheiro na aparência, pobre diabo no íntimo, cafajeste na realidade.