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"Portugal
é uma vergonha". Escreveu-o Vasco Pulido Valente no Observador, com a costumeira mistura de forte autoridade de doutor
de Oxford, sobranceria alfacinha, e a visão panorâmica que lhe assegura a nuvem
onde se senta, mirando do alto a corrupção, a bandalheira, a pelintrice do
lodaçal em que esperneamos, e donde, segundo ele, nada ou ninguém nos tirará.
Pequenos
como somos, metidos num canto, o mundo talvez nem se aperceba das desgraças que
nos aguardam. O mesmo, porém, não acontecerá com a América, a quem VPV
profetiza calamidades bíblicas. Segundo ele, esse grande país "perdeu o
domínio tecnológico", paga as contas de todos sem ter vintém, vai ser
governado por um tosco que berra muito, demonstra impotência e é "uma
criatura sem grande imaginação".
Fosse isto
anunciado por um tarólogo, haveria motivo de desassossego, pois sofrendo a
América sofremos todos. Felizmente, são apenas palavras de um festejado
cronista, talvez aflito com a falta de assunto ao ver próxima a hora de fecho.
Sentados
numa nuvem mais alta, Eça e Fialho, que também lêem o Observador, sorriram à recordação das vezes que estiveram no mesmo
aperto.
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Publicado no CM.