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Desde a adolescência
até tempos atrás sempre tive interesse por anedotas, considerando algumas
verdadeiros micro-contos, melhores no conteúdo e mais expressivas que muita
prosa.
Assim, ao longo dos
anos, fui colecionando uma antologia delas. Uma vez por outra, com o
entusiasmo de contá-las, terei abusado da paciência alheia, já que é difícil
parar quando o riso parece sinceramente motivado.
Há algum tempo,
porém, dou-me conta de que com as anedotas, como com muitas outras coisas, a
internet é simultaneamente um bem e um desastre. Um bem, porque custa a crer na
quantidade, qualidade e variedade delas. O desastre é que, julgando
surpreender um amigo com o que parece uma pointe sensacional, ele, à
medida que a narrativa avança, em vez da gargalhada deixa descair os cantos da
boca. É que já conhece. Viu na internet.
A frequência com que
isso tem acontecido, justifica que o humor, que para mim era uma manifestação
social, está a tornar-se um vício solitário.