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Vista de longe, com o desprendimento que a distância dá, a vida política em Portugal permanece uma deprimente ópera bufa.
Como antes, agora e depois
conta nela o poder e o tacho, o arranjinho, o compincha que faz jeitos, o
palavreado - como se o falar muito e agitar muito corresponda a uma verdadeira
acção, signifique um propósito, tenha em conta o interesse e o futuro da res publica. Não tem. É tudo folclórico,
passageiro, pequenino, mesquinho, ar e vento, paleio, um faz de conta, abraços
e apertos de mão.
Rosna-se, mas não se luta.
Critica-se, mas não se age nem se finca o pé, não se resolve. Às vezes quem ganha perde, mas o contrário também acontece. E então espera-se. Tudo
se há-de arranjar.