quarta-feira, agosto 31

V

Vinha de longe e Churchill popularizou-o, aquele V orgulhosamente patriótico a simbolizar a vitória dos bons sobre os maus. Eu, que sou velho, conheço-o desse tempo, e desde então, como tanto mais, passadas não sei quantas guerras, revoluções e insurreições, motins, levantamentos, pilhagens, quedas de tiranos, mudanças de regime, o símbolo caiu dos dedos do homem de Estado nos do homem da rua.
Entre as imagens que me  entristecem leva a palma a do riso alvar dos infelizes que nas revoltas brandem escopetas, fazem o V e gritam morras. Não que lhes queira diminuir o entusiasmo ou negar as razões de alegria, o direito ao sonho, mas porque até na bebedeira da mudança demonstram a sua impotência, dão prova de que não contam, são apenas recheio para o vazio do noticiário.